A Toninha (Pontoporia blanivillei) é um pequeno cetáceo odontoceto da família Pontoporiidae. O único lugar no mundo onde ela pode ser vista, é no litoral da América do Sul, entre o Espírito Santo no Brasil, e o Golfo San Matias na Argentina.
A Baía da Babitonga, em Santa Catarina, é um dos únicos locais em que a espécie ocorre em águas estuarinas. Neste local a espécie é observada ao longo de todo o ano e possui áreas preferenciais para captura de alimento e socialização.
A Toninha é uma das espécies com ciclo de vida mais curto entre os cetáceos. A maturidade sexual é atingida quando os animais possuem entre 2 e 5 anos de idade. As fêmeas dão a luz a um filhote a cada um ou dois anos. O período de gestação dura em torno de 11 meses e o comprimento, ao nascer, varia entre 70 e 80 cm. Os filhotes podem mamar até os 9 meses.
A alimentação da espécie é composta principalmente por peixes ósseos e lulas de regiões estuarinas e costeiras. As presas são de pequeno porte, geralmente em torno de 10 cm.
O comportamento da Toninha é muito discreto, o que dificulta o seu estudo em ambiente natural. Geralmente observam-se indivíduos solitários ou grupos de 2 a 5 indivíduos, podendo, no entanto, formar grupos com mais de 10 indivíduos. A espécie tende a evitar aproximação de embarcações motorizadas, e a execução de comportamentos aéreos é incomum.
Foto: Marta J. Cremer
Atualmente, capturas acidentais de Toninhas em redes de espera têm sido reportadas ao longo de toda sua distribuição, constituindo o maior fator de risco para sua conservação. A limitação da espécie quanto ao hábitat preferencial e às características do seu ciclo de vida, aliadas à pressão exercida pelas operações de pesca em regiões costeiras, constituem as principais ameaças para a extinção da espécie. No entanto, processos de degradação ambiental em áreas costeiras e estuarinas devem ser levados em conta como causadores de impacto sobre suas populações. A causa do declínio das populações de Toninhas não têm desaparecido, pelo contrário, provavelmente está aumentando devido à expansão da pesca e carência de ações de mitigação dos impactos.
A Toninha encontra-se, ainda, listada no Apêndice II da Conservação sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES), da qual a Argentina, Uruguai e Brasil são signatários, e nos Apêndices I e II CMS, Convenção para a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens, a qual o Brasil ainda não é parte.
No Brasil, a espécie está incluída na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (N3-MMA, 2003), tendo sido classificada como "Vulnerável" no Plano de Ação dos Mamíferos Aquáticos do Brasil (IBAMA, 2001) e como "Em Perigo" no Livro Vermelho da Fundação Biodiversitas. Recentemente, a espécie foi também incluída em diversas listas estaduais da fauna brasileira ameaçada de extinção, incluindo Rio Grande do Sul (categoria "Vulnerável"), Paraná (categoria "Em Perigo"), São Paulo (categoria "Vulnerável"), Rio de Janeiro (categoria "Vulnerável") e Espírito Santo (categoria "Em Perigo").
Fonte: Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pequeno Cetáceo TONINHA (Pontoporia blainvillei). ROCHA-CAMPO et al., 2010.