Pesquisadores
do Projeto Toninhas testam equipamento para afastar toninhas das redes de
pesca
Pesquisadores do Projeto
Toninhas/Univille finalizaram no último mês os primeiros testes com um
repelente acústico na Baía Babitonga, no litoral sul brasileiro. O equipamento,
chamado “Banana Pinger” (Fishtek Marine®), emite sons de alta frequência na
tentativa de afastar os golfinhos de uma área de risco ou, neste caso, das
redes de pesca. A esperança dos pesquisadores é que o equipamento reduza a
mortalidade incidental em redes de emalhe, principal ameaça à toninha (Pontoporia
blainvillei), o golfinho com maior risco de extinção do Atlântico Sul
Ocidental.
O experimento, projetado pelo
Dr. Mats Amundin (Kolmardem Djupark – Suécia) com incentivo da ONG alemã Yaqu
Pacha, é inédito no Brasil. De acordo com o pesquisador do Projeto Toninhas,
Renan Paitach, que desenvolve com o pinger sua tese de doutorado na
Universidade Federal de Santa Catarina, outras marcas e modelos de pingers já
foram testados para a toninha. “Embora alguns tenham apresentados resultados
promissores, foram reprovados por pescadores por atraírem focas e
leões-marinhos, que destroem as redes para roubar os peixes (efeito “dinner-bell”).
Este é o diferencial do “Banana Pinger”: ele produz um som que não é audível
para os pinípedes” explica o pesquisador.
Na fase de testes, o pinger foi
posicionado dentro de uma grade de equipamentos de monitoramento acústico,
denominados C-PODs (Chelonia Limited) - uma espécie de hidrofone que registra
sons emitidos por golfinhos - que monitoram a presença de toninhas e,
consequentemente, a resposta comportamental ao som emitido pelo pinger. Paitach
declara que, mesmo na fase inicial, um efeito claro tem sido observado. “Quando
o pinger está ligado, há uma retirada imediata, que pode ser observada a até
100m de distância, mas não mais do que isso. Quando o pinger está desligado, as
toninhas retornam à área poucos minutos depois. Isso nos faz acreditar que o
método é efetivo para toninhas, pois não altera seu comportamento em relação ao
habitat onde vive”.
Para a coordenadora do Projeto
Toninhas, Marta Cremer, o experimento configura um grande avanço em prol da
conservação da espécie. “Desde seu surgimento, o Projeto Toninhas/Univille, que
conta com patrocínio Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental,
tem direcionado esforços para conhecer melhor esse golfinho e busca
alternativas para sua conservação, sempre levando em consideração as
necessidades das comunidades locais”, comenta Marta, que completa: “medidas
efetivas para a conservação da espécie não são simples e devem conciliar
diferentes estratégias, como o ordenamento pesqueiro e o uso de tecnologias
para a redução das capturas acidentais”.
A fase de teste segue e o
próximo passo é começar a implementar o uso do Banana Pinger em redes pesca.
Para isso será necessário a participação das comunidades pesqueiras locais, que
voluntariamente podem auxiliar nas pesquisas. Para os pesquisadores e parceiros
do Projeto Toninhas, a conservação da espécie é uma preocupação de pescadores,
gestores e conservacionistas e, portanto, a busca por soluções deve ser feita
de forma participativa.