O guará, uma belíssima ave típica de manguezais, foi registrada pela equipe do Projeto Aves na Baía da Babitonga. Em novembro de 2011 foi visto apenas um indivíduo e a partir do mês de dezembro seu número foi aumentando, chegando a cinqüenta indivíduos. E, para surpresa dos pesquisadores, em janeiro de 2012 os guarás foram observados se reproduzindo na Babitonga. Esta ave está criticamente ameaçada de extinção no estado vizinho (Paraná). Em Santa Catarina o guará esteve desaparecido por décadas; os últimos registros são históricos, dos séculos XVIII e XIX. O nome de algumas cidades e localidades na região se deve a sua ocorrência no passado, como Guaramirim. Seu retorno é uma excelente notícia!
O Eudocimus ruber, como é conhecido o guará no meio científico, é uma ave da família Threskiornithidae, de plumagem vermelho vivo nos adultos. Costuma se reproduzir em colônias, ou seja, juntamente com outras aves aquáticas. Na Baía da Babitonga, a colônia reprodutiva onde a espécie está se reproduzindo também abriga ninhos de savacu (Nycticorax nycticorax), savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea), garça-vaqueira (Bubulcus ibis), garça-branca-pequena (Egretta thula), garça-azul (Egretta caerulea) e caraúna-de-cara-branca (Plegladis chihi).
O guará se alimenta principalmente de caranguejos, mas pode capturar peixes e invertebrados aquáticos. As principais ameaças relacionadas a esta espécie são a descaracterização de áreas de manguezal e a contaminação por poluentes químicos. O registro da reprodução desta espécie numa colônia na Baía da Babitonga demonstra a grande importância das áreas de manguezal e reforça a importância da continuação de pesquisas relacionadas com a avifauna da região.
Texto: Daniela Fink e Marta Cremer